sexta-feira, 19 de abril de 2013

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA MULHER.



    Outro dia, conversando com uma amiga, abordei o tema violência psicológica contra a mulher. Ia falar sobre os impactos que esta tem sobre a mulher e sua saúde quando ela me interrompeu com o argumento de que “Se nem a violência física, que é mais bem impactante e que deixa marcas, a gente não conseguiu abolir, imagine essa coisa de violência psicológica”. A sua observação é pertinente, já que essa é a violência tolerada, tanto por quem a vivencia como pela sociedade. Esse é um ponto de vista comum, de que a violência psicológica é um problema menor, quase insignificante. A violência contra a mulher esta tão naturalizada que só nós causa indignação aquela que lesa o corpo. As cicatrizes da alma que estão obscuras, e por muitas vezes até pra quem as tem, são ignoradas.
     No entanto, um fator a ser considerado é que o agressor nunca, em hipótese alguma, inicia um histórico de violência contra a sua companheira com espancamento. Até que a violência se torne física ela se manifesta na modalidade psicológica, através de olhares intimidadores, palavras grosseiras, gritos e ameaças.
    De acordo com a Convenção Interamericana (também conhecida como “Convenção de Belém do Pará”) de 1994, violência contra pode ser definida como “Qualquer ato ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto na privada”.   
     Estudiosos defendem que a violência de gênero é um fenômeno que reflete a relação de dominação masculina e subordinação feminina. Nesse sentido há uma relação de posse, onde a violência surge como uma maneira de manter essa submissão e com isso busca-se conservar a mulher sob o poder masculino, evitando que ela lhe escape e opte pela separação. A violência psicológica presta-se perfeitamente a esse fim. Já que a própria vítima não a reconhece como agressão ou agressão grave. Dessa forma ela vai sendo reproduzida indefinidamente, seja por conta do silêncio da vítima ou da legitimação desta por conta de fatores culturais. Outro fator a ser considerado é que as cicatrizes provocadas são psicológicas, e, portanto, difícil de ser comprovada. Este fator provoca na vítima medo de descrédito e resistência à realização da denúncia.
    Contudo, essa forma de violência pode levar a mulher à depressão, ansiedade, distúrbios da alimentação e do sono, ao uso de álcool e drogas, à vergonha e à culpa, fobias e síndrome de pânico, inatividade física, baixa auto-estima, distúrbios de estresse pós-traumático, tabagismo, comportamentos suicidas e autoflagelo, comportamento sexual inseguro.

 “A violência psicológica ou violência emocional ocorre através da rejeição de carinho, ameaças de espancamento à mulher e seus filhos, impedimentos à mulher de trabalhar, ter amizades ou sair; por sua vez, o parceiro lhe conta suas aventuras amorosas e, ao mesmo tempo, a acusa de ter amantes.
Uma pesquisa realizada no Chile identificou que existem diversas manifestações da violência psicológica e o autor assim as classificou:
- Abuso verbal: rebaixar, insultar, ridicularizar, humilhar, utilizar jogos mentais e ironias para confundir.
- Intimidação: assustar com olhares, gestos ou gritos, jogar objetos ou destroçar a propriedade.
- Ameaças: de ferir, matar, suicidar-se, levar consigo as crianças
- Isolamento: controle abusivo da vida do outro por meio da vigilância de seus atos e movimentos, escuta de suas conversações, impedimento de cultivar
amizades.
- Desprezo: tratar o outro como inferior, tomar as decisões importantes sem consultar o outro.
- Abuso econômico: controle abusivo das finanças, impor recompensas ou castigos monetários, impedir a mulher de trabalhar embora seja necessário para a manutenção da família.”. (Leticia Casique e Antônia R. F. Furegato).


Fontes:
Leticia Casique e Antônia R. F. Furegato. Violência contra a mulher: Reflexões teóricas. Rev Latino-am Enfermagem 2006 novembro-dezembro; 14(6). www.eerp.usp.br/rla.

Brasil, Saúde da mulher: Violência contra a mulher. http://www.brasil.gov.br/sobre/saude/saude-da-mulher/violencia-contra-a-mulher.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Desamparos

       Entrei correndo à procura da minha professora. Numa das salas encontrei seu irmão. Ele me chamou e logo que me aproximei ele me agarrou por trás. Imagino que pôs o pênis pra fora e ficou roçando nas minhas nádegas enquanto passava as mãos pelo meu corpo.
     Tinha apenas seis anos e era a segunda escola que frequentava. Estava instalada num sítio bem arborizado, tinha muro baixo, pintado à cal, com um largo portão de ferro. A casa era enorme, com muitos quartos e uma cozinha ampla com fogão a gás e à lenha, ficava um pouco afastada da rua e era toda rodeada por alpendres. Descendo em direção leste encontrava-se uma lagoa. Nossas aulas aconteciam sob os alpendres debruçados sobre três longas mesas cujos assentos eram compridos bancos de madeira. Embora as pessoas e o ambiente parecessem familiares esta escola serviu de cenário para uma agressão covarde promovida por um ingênuo “tio”.
   Foram minutos, ou segundos, intermináveis. Enquanto durava aquele ataque eu experimentava um desamparo que beirava a sensação de estar morrendo. Sentia uma enorme ânsia de vômito e meu corpo todo gelar e tremer. Era asqueroso aquele homem roçando minhas costas. A angústia foi tamanha que não lembro precisamente o que ele fez, era fato que suas mãos se multiplicavam por todo meu corpo. Estava apavorada e com um imenso medo de gritar, medo que ele me machucasse, e até de morrer. Não entendia absolutamente nada do que estava acontecendo, porém estava certa de que havia algo de muito errado naquele comportamento, principalmente pela maneira que ele me largou quando alguém adentrou a sala e flagrou a cena. Ele baixou a cabeça e virou em direção aos quartos, acredito que tentava se esquivar de alguma punição. Não tenho ideia do ocorreu depois, já que aproveitei pra fugir.  Corri o mais rápido que pude até chegar à minha casa e me sentir segura.
      De alguma forma me sentia cúmplice do assédio, por isso calei e tratei de esquecer este fato. Por este motivo não recordo dos dias seguintes a ele, lembro bem que me recusei a continuar frequentando esta escolinha. Foram anos sem recordar nada com relação a este dia fatídico, até encontrar por acaso a sobrinha dele, eu já estava com mais de vinte anos. Então, de repente veio à mente um filme acompanhado de todas as sensações que vivi naquele momento. Emfim eu podia recordar aquele homem roçando a barba no meu pescoço e a violência dele contra meu corpo. Acredito que foi depois desse abuso que passei a sentir nojo de homem de barba. Eu simplesmente tenho asco de que homens peludos me toquem.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Sob a sombra do medo.



Às vezes me invade uma sensação de que o chão aos meus pés desapareceu e que estou flutuando, procuro algo em que me agarrar, e o máximo que consigo encontrar é vácuo, brisa, um indescritível vazio. Tento me apegar a algo em mim, e o meu eu fora esvaziado, não me restou nada, coisa alguma, sequer uma réstia ou um facho luz.

Vivo a angustiante essência da morte.

As minhas entranhas se fecham.

O ar fica rarefeito.

Sinto por um ínfimo instante uma tontura, um breve desfalecimento. Desejo ardentemente apagar, sentir meu corpo languido se deixar cair. No entanto, uma dor dilacerante ecoa intermitentemente em meu nicho craniano.

Deliro que morri e que estou procurando um local escuro pra me esconder. Vago insana de beco em beco, de viela em viela. Onde larguei o lugar calmo, silencioso e escuro? Lembro que deixei numa rua... Aonde? Quero meu lugar! Um abrigo onde eu não possa me encontrar.

Meu eu está inundado de mim.

Tento me libertar dessa contradição de ser eu a pessoa que ocupa tão espaçosamente este corpo físico e este sujeito paranoico.

Meus gestos são largos, cheios de si. Minhas palavras estão sempre prontas, e saem da boca sem o meu controle.

Sufoco no ócio do meu ser, viajo na sensação de estar fora de mim e atuar como juiz pleno dos meus atos. 

Eu o meu carrasco cruel.

Essa vontade louca de punição.

Um desejo cortante de me apontar o dedo julgador e imputar-me pena máxima me ocorre intempestivamente. A angústia do seu cumprimento é latente, queria pagá-la de pra todo o sempre. Zerar a contar.

E por fim passar uma borracha e esquecer de vez a culpa de ser eu este ente que acorda, anda, come e ri. 

domingo, 5 de outubro de 2008

EXPOSIÇÃO: “ORIGENS”

EXPOSIÇÃO: “ORIGENS”

POR: ANA EUFRÁZIO

A artista desenvolve seu trabalho abordando essencialmente temáticas sociais.

Na exposição do momento o principal tema é a nossa origem. Esse trabalho aborda desde o Big Bang, surgimento da luz, expansão do universo até tráfico negreiro e a neo escravidão.

Química por formação, Ana Eufrázio tem a arte como instrumento de denúncia social. Entres os materiais integrantes dessa exposição, podem ser encontrados jornal reciclado, vidro, papelão entre outros elementos inusitados, todos dispostos com muita sutileza e sensibilidade.

O estilo marcante das obras de Ana Eufrásio, tem extraído dos visitantes muita admiração e questionamentos. Apesar dos temas específicos, Ana consegue que cada parte de suas composições tenha vida própria e a interpretação de cada uma é altamente dependente das vivências do observador.

comentário: Prof. Dr. Marcony Cunha

Fones:9155-6462/3247-1343/8626-5379

ESPAÇO CULTURAL DO MINISTÉRIO DA FAZENDA

(prédio da Receita Federal)

DE 07 A 31 DE OUTUBRO DE 2008

HORÁRIO DE VISITAÇÃO: Das 7:30 ás 17:30 horas.

domingo, 17 de agosto de 2008